sexta-feira, 30 de setembro de 2011

JORNAL DA LUTA DO VALE DO PARAÍBA

TODO APOIO A GREVE DOS BANCÁRIOS




NOVO BOLETIM DA UNIDOS PRA LUTAR: CONSTRUIR UMA NOVA DIREÇÃO PELA BASE





 
 



Aos Companheiros da Marcha do TIPNIS-BOLIVIA


Nós, ativistas e dirigentes sindicais brasileiros organizados na Unidos Pra Lutar, (Associação Nacional de Sindicatos Independentes) nos solidarizamos com a heróica Marcha Indígena em defesa do Tipnis (Território Indígena e Parque Nacional Isiboro-Secure).

Em primeiro lugar queremos repudiar a brutal agressão cometida pelas forças repressivas do Estado boliviano contra os participantes da marcha. Infelizmente, a história se repete. Como tantas vezes aconteceu com outros governos patronais e entreguistas, o atual, encabeçado por Evo Morales, não hesitou em violentar os direitos humanos e reprimir com selvageria os indígenas que, com justa razão, lutam contra a divisão e a entrega das terras do Tipnis às transnacionais.

Mas se Evo Morales esqueceu suas origens, não aconteceu o mesmo com as comunidades pobres e os trabalhadores. Ficamos comovidos com a solidariedade das populações de Rurrenabaque e San Borja que, com sua mobilização, forçaram a libertação dos dirigentes indígenas depois das brutais e arbitrárias prisões realizadas pela polícia e cujas imagens percorreram o mundo. Também parabenizamos a iniciativa da COB e outras organizações por realizar paralisações e mobilizações contra a repressão do governo e em defesa da Marcha. Isso demonstra que estão no caminho certo e que devem continuar com a luta para derrotar o projeto que pretende cortar o Tipnis.

Por outro lado, queremos expressar nosso repúdio ao ex. presidente brasileiro Lula. Em seu papel de representante do pretenso sub-imperialismo brasileiro para a região, ignorando a vontade dos indígenas bolivianos, viajou junto com a multinacional Construtora OAS (que financia as campanhas eleitorais do PT, partido do Lula) para “inaugurar” a estrada financiada pelo BNDES. Se como bem diz a companheira Justa Cabrera: “Evo Morales é capataz das transnacionais”, poderíamos dizer que aqui no Brasil o ex presidente Lula cumpre o mesmo papel. São as “novas lideranças do século XXI”, que chegaram ao poder pelas lutas populares e, quando empossadas, se voltaram contra elas para servir aos inimigos do povo.

No Brasil também estão acontecendo importantes lutas. Greves de trabalhadores bancários, das universidades, da educação estadual, dos correios e da construção civil, entre outras, que se somam aos protestos e fóruns contra a destruição do meio ambiente e das condições de vida da população, como acontece com a usina hidroelétrica de Belo Monte no estado do Pará. Nós, da Unidos Para Lutar, estamos apoiando essas lutas na tentativa de fortalecer uma nova alternativa de direção para os trabalhadores.

Do nosso posto de combate, como ativistas e dirigentes do movimento sindical brasileiro, queremos oferecer todo nosso apoio para que a Marcha dos indígenas do Tipnis, além de vencer todos os obstáculos para chegar à La Paz, seja vitoriosa. Ficamos à inteira disposição para ajudar no triunfo dessa luta. Para tanto será necessário, não simplesmente uma declaração de boa vontade do presidente Evo Morales ou a interrupção temporária da obra, e sim uma lei que acabe definitivamente com o Projeto de cortar o TIPNIS.

Valentes companheiros da Marcha Indígena do Tipnis: até a VITÓRIA FINAL!

Assina pela Unidos Pra Lutar: SINTSEP/PA - Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado do Pará - Brasil.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

AMAZONAS: GREVE DOS CORREIOS É APROVADA EM ASSEMBLÉIA GERAL

Em assembléia realizada, na Praça do Congresso, situada no centro de Manaus. Os 253 trabalhadores da ECT/AM – Empresa de Correios e Telegrafo do Amazonas, que participaram da assembléia, aprovou, às 20h10min, no dia 13/09/11, GREVE por tempo indeterminado. Que começará a partir de zero hora do dia 14/09/11. A direção do SINTECT/AM – Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Amazonas- seguiu a decisão de GREVE já tomada por 14 sindicatos estaduais da categoria, em assembléias realizadas até às 18h00min horas, horário de Brasília do dia 13/09. Entre outros sindicados, que aprovaram a greve, destacam-se os sindicatos de São Paulo e Rio de Janeiro, ambos concentram o maior número de trabalhadores da categoria.
A greve é uma resposta à contra proposta do Governo Federal apresentada ao Comando de Negociação da FENTEC – Federação Nacional dos Trabalhadores da ECT, na noite do dia 12/09/11, a qual foi rejeitada. A proposta do Governo inclui 6,87% de reajuste salarial, os trabalhadores pedem 24,27%. Aumento Linear de R$ 50,00 reais, os trabalhadores pedem R$ 400,00 reais. O Governo Federal ofereceu um abono de R$ 800,00, os trabalhadores presente a assembléia “classificaram” o abono de “isca” e rejeitaram. O Governo ofereceu R$ 25,00 de vale alimentação, os trabalhadores reivindicam o valor do vale alimentação de R$ 30,00 reais, juntamente com um vale cesta de R$ 300,00 para qual o governo ofereceu R$ 300,00 reais.

Essa será a 15º greve do deflagrada pelo SINTECT/AM, desde 1985, ano da 1º greve, de acordo com o senhor Taylor Araújo, funcionário da ECT/AM, e ex- dirigente sindical da categoria. Para o Governo Dilma essa será a 3º greve de uma categoria federal, pois, permanecem em greve os técnicos das Universidades Federais e os Servidores dos Institutos de Ensino Superior, as antigas Escolas Técnicas Federais.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Jacareí/SP: Triunfa greve na AmBev!!!

No segundo turno do dia 10, sábado, encerrou a greve da AmBev com triunfo dos trabalhadores após mais de dois dias de greve. As conquistas alcançadas foram: 9,5% de reajuste salarial que inclui 2,7% de aumento real, abono de R$500, um segundo abono de R$500 parcelado em 4 vezes, garantia de emprego ou indenização por 60 dias, incluídos os terceirizados, não desconto dos dias parados inclusive para terceirizados e renovação das cláusulas sociais.

Para uma empresa que queria pagar apenas 0,7% além da inflação e bateu o pé que não pagava abono foi uma verdadeira vitoria dos trabalhadores. Para vencer, os companheiros tiveram que suportar o desvio dos ônibus, a brutal repressão da polícia militar e da tropa de choque, com um contingente de 10 carros e camburões, 10 motos e dezenas de policiais com escopetas na mão, a mando direto da empresa. De fato parecia que o governo privatizou a polícia para a AmBev. Um dia dezenas de coordenadores fizeram “piquete” na porta da empresa, outro dia resolveram viajar nos ônibus da fábrica torturando os trabalhadores e ameaçando de demissão em forma permanente.

Nosso time contou com a disposição de luta dos trabalhadores e com o apoio de dezenas de sindicalistas de várias entidades da região e de outras cidades do Estado. No final do primeiro dia nova proposta foi rejeitada pelos trabalhadores que continuaram a greve. No inicio do terceiro dia a fábrica montou esquema para furar a greve com escolta policial conseguindo rodar algumas linhas a meia máquina. Mas nada disso foi suficiente, a greve continuou, e no segundo turno a AmBev apresentou nova proposta por escrito que foi finalmente aceita pelos trabalhadores. As assembleias em todos os turnos votaram por unanimidade continuar a luta contra o ilegal banco de horas pela via jurídica e por novas mobilizações.

Parabéns aos trabalhadores, que junto à firmeza do Sindicato conseguiram vencer a maior cervejaria do mundo na primeira greve após mais de 20 anos!!! Agradecemos a todos os sindicatos e movimentos sociais que nos apoiaram e contribuíram ao trinfo. Unidos pra Lutar venceremos!!!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

RIO DE JANEIRO: VITÓRIA MOBILIZAÇÃO DA UFF



CLICK AQUI E VEJA O DIA A DIA DA OCUPAÇÃO DA UFF


PARÁ: Todo apoio à greve da construção civil!

Nos últimos dias, a região metropolitana de Belém presenciou a poderosa greve da construção civil. A luta faz parte de um processo que começou no primeiro semestre, na rebelião de Jirau e nas greves nos canteiros de vários estados. Movimento que continuou quando os peões cruzaram os braços nas obras dos estádios da copa do mundo, em MG e RJ.

Como em anos anteriores, o governo do Estado, hoje comandado por Jatene do PSDB, criminalizou o movimento destacando a tropa de choque, o canil e a cavalaria para defender os patrões. Repetem-se cenas, que se tornaram cotidianas, da polícia criminalizando os trabalhadores e o povo pobre das periferias. Novamente a ROTAM atuou contra operários que exerciam seu legitimo direito de protestar contra baixos salários e péssimas condições de trabalho. Além disso, a justiça proibiu os piquetes em frente aos canteiros, impondo pesada multa ao sindicato da categoria, caso descumpra a decisão.

No entanto, quem deveria prestar contas à polícia e à justiça é a patronal do ramo, responsável pela morte de 9 operários nas obras do Pará. Tudo para manter a expansão de casas de luxo e condomínios para os ricos, enquanto os trabalhadores moram em cubículos nas baixadas, sem acesso a nenhuma infra-estrutura

Os próximos dias são decisivos para a greve. São determinantes para a luta de classes em nosso estado. A patronal, Jatene e a justiça querem derrotar o movimento. Todos os sindicatos classistas, todos os partidos de esquerda, todos os operários conscientes devem se esforçar para que a greve triunfe.

Estamos à disposição da categoria e do sindicato da construção civil, para impulsionar as decisões da assembléia geral e do comando de greve, visando à derrota dos patrões e a vitória de nossa classe.

Pelo atendimento de todas as reivindicações!

Contra a criminalização da greve e do sindicato da construção civil!
Em defesa da democracia operária! Contra a interferência do Estado nas greves!
Pelo fim da ROTAM!

UNIDOS PRA LUTAR – SINTSEP – SINTRAM

SÃO PAULO: AmBev está em greve!!!

Na madrugada de hoje 8 de setembro os trabalhadores da emprresa AmBev, da unidade de Jacareí que fabrica a Brahma entraram em greve. 100% dos operários do primeiro turno, inclusive terceirizados aderiram à greve. O setor administrativo está chegando e se soma à assembleia.

Os onibus foram desviados pela polícia, mas interceptados pelo Sindicato na linha do trem desceram e iniciaram assembleia a 1 km da portaria. Por sinal a polícia agrediu e tentou atropelar Valter Gildo trabalhador da AmBev e diretor da Alimentação, foi detido sem motivo nenhum João Rosa dirigente dos Químicos e foram guinchados 2 carros da entidade.Além do apoio massivo dos trabalhadores ao movimento, dezenas de sindicalistas de várias categorias e cidades apoiam efetivamente a paralisação.

As 10h da manha a empresa marcou negociação, porém se a nova proposta não inclui o fim do ilegal Banco de Horas, um bom aumento real e abono para recuperação das perdas e outras reivindicações a greve vai continuar!!!

Desde o local da assembleia:
Manuel Iraola,
jornalista do Sindicato e da Unidos pa Lutar.


SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP: PROTESTO CONTRA A CORRUPÇÃO E O AJUSTE DO GOVERNO.

Os protestos do 7 de Setembro em São José dos Campos reuniram cerca de 500 manifestantes, vestidos de preto e com bandeiras pretas, que entraram em meio do desfile e marcharam na avenida sendo muito aplaudidos pela população que chegava as mais de 4 mil pessoas.

A manifestação foi promovida pelo Fórum de Lutas da região que aglutina o Sindicato da Alimentação, dos Químicos, dos Condutores, dos Petroleiros, dos Vidreiros, dos Municipais de Jacareí, do SindSaae de Jacareí, da Central de Movimentos Populares, dos ambientalistas, dos médicos da rede pública de SJC e agora dos professores municipais. Por sinal a última assembleia dos municipais de SJC votou a participacao do seu sindicato neste Fórum.

No destaque faixas da Unidos pra Lutar que agrupa vários sindicatos da região junto com bandeiras e cartazes de diversos movimentos que se uniram ao protesto como os médicos e professores municipais que estão em luta, e os estudantes que vem participando dos protestos da cidade.

As reivindicações foram em apoio aos trabalhadores em luta, sobre tudo os municipais e de fábricas que estão em campanha salarial. Também foram acentuados os protestos contra a corrupção na região e contra o aumento do salários dos vereadores da região.

O protesto foi um êxito e foi veiculado pela imprensa local tanto na internet quanto na TV. Parabéns a todos os participantes e não se esqueçam: a luta continua!









segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Direção do ANDES (CSP-CONLUTAS) fecha acordo e ajuda governo a isolar greve da FASUBRA e dividir greve do SINASEFE

Foi recebido como um balde de água fria, em especial pelos trabalhadores ligados ao SINASEFE, o acordo fechado entre a direção do Andes e o governo Federal. A direção do Andes que durante toda a greve da FASUBRA pouco fez para ajudar a tirar do isolamento a justa luta dos técnicos administrativos das universidades, com referido acordo, não só ajuda a isolar como também ajuda o governo a dividir a greve dos trabalhadores dos Institutos Federais Tecnológicos (IFETS).

Nota do SINDUFAP sobre a assinatura do acordo 02 de Set. de 2011

O Sindicato dos Docentes da Universidade Federal do Amapá, como seção sindical do ANDES-SN, lamenta a assinatura do acordo por entender que a proposta do Governo Federal era insuficiente para atender às demandas da categoria e apresenta uma análise da compreensão do quadro conjuntural. Esta análise está sendo encaminhada para conhecimento da Diretoria do ANDES-SN, do setor das IFES e das seções sindicais, bem como para a população em geral, conforme deliberado na Assembleia Geral de 30 de agosto de 2011.

Da análise:

Perdemos o momento mais importante dos últimos anos para a construção de uma greve forte e vitoriosa com conquistas para os docentes e a educação brasileira. Apesar do discurso em contrário, o Governo Federal encontra-se combalido e vinha agarrando-se aos movimentos anticorrupção como forma de angariar algum apoio popular e de definir um perfil para a gestão da presidente Dilma Rousseff. Apesar disso, mesmo esta estratégia vinha se mostrando frágil, uma vez que a ação anticorrupção tem ocorrido de forma tímida em alguns fatos como forma de resguardar pessoas importantes para a atuação do governo.

Não bastasse a fragilidade que se impõe a partir da perda de apoio tanto popular como da base aliada, que aumenta suas exigências para alinhar votações, um surto de greves, ocupações, paralisações e outros atos das mais diferentes ordens e categorias trabalhistas vêm eclodindo internacional e nacionalmente. No âmbito educacional, o governo ficaria em uma situação muito desconfortável se SINASEFE, FASUBRA (ambas em greve) e ANDES-SN estivessem todos em greve. Seria uma greve geral da educação com uma repercussão considerável e, com certeza, uma condição que o Governo Federal gostaria de evitar principalmente em um momento que congestiona a mídia com a campanha sobre a expansão de universidades e institutos federais. A greve conjunta denunciaria que a propalada expansão ocorre a custa do sucateamento das instituições e do aviltamento das condições de trabalho. Após o acordo assinado e sendo conhecedores das condições em que estamos vivendo no sistema federal de ensino, assistir estas campanhas na mídia chega a ser ultrajante.

O movimento vinha em um crescente. Isto pode ser afirmado tanto para a própria UNIFAP quanto para o conjunto das universidades brasileiras. A cada rodada de negociação o quadro de universidades fazendo AG e deliberando no sentido de construção e indicativo de greve vinha aumentando. Nas AG do SINDUFAP fomos avançando passo a passo: construção da greve, indicativo de greve sem data, indicativo de greve com data. A cada AG mais professores vinham compreender como estavam as negociações, bem como participar e discutir os rumos do sindicato na negociação. Chegamos a bem mais de um terço de sindicalizados presentes na AG do dia 30 de agosto, isto sem considerar um número expressivos de professores que, mesmo sem comparecer as AG, procuravam os diretores do sindicato e buscavam se manter atualizados quanto à negociação.

Os avanços ocorridos ao longo do processo de negociação, embora importantes, foram tímidos no sentido de atender nossas reivindicações, mesmo aquelas protocoladas como emergenciais e oriundas de deliberação do 56º CONAD. Estes avanços minimalistas do governo ocorrem no mesmo momento em que há relatos de aumentos do superávit primário e de arrecadação que vêm batendo recordes, bem como de uma alocação maior de recursos para pagamento da dívida. Ou seja, o governo anuncia aos quatro cantos que está sobrando dinheiro e fecha o cofre na negociação.

A proposta acordada é insuficiente. A principal leitura feita por parte dos docentes na UNIFAP foi a de que 4%, mesmo sobre retribuição por titulação e vencimento básico com a incorporação da gratificação de caráter produtivista, é nada. Os docentes durante a AG não desconsideraram os avanços e os demais itens acertados, mas reiteraram que a assinatura do acordo nos termos propostos pode ser considerada uma derrota face ao quadro que tínhamos, principalmente se lembrarmos que o governo tem, sistematicamente, quebrado acordos assinados com diversos sindicatos.

Por fim, é óbvio que há elementos conjunturais em cada instituição e na atuação de cada seção sindical, que os docentes da UNIFAP respeitam, mas fica a perplexidade da votação do setor das IFES. Como, considerando todo o contexto e os anseios dos professores por um reajuste significativo, mesmo daqueles que não participam da vida do sindicato, houve uma votação expressiva pela assinatura do acordo? A pergunta retumba em nossas mentes e deverá demorar um tempo antes de calar.

O movimento, portanto, era valioso e deveria ter seguido em ascensão. A assinatura do acordo pode prejudicar movimentos futuros. A partir dessas considerações, os docentes da UNIFAP reafirmam sua posição de que o momento era oportuno para a greve e, simultaneamente, apesar da discordância com o desfecho, reiteram a confiança no ANDES-SN e nas suas formas e instâncias democráticas de deliberação.

Direção do SINDUFAP
02 de Setembro de 2011

Professora Marina e demais integrantes da Direção da ANDES.

Indignado e estarrecido, li nota do meu sindicato, a ADUFEPE – hoje, na verdade, transformado em associação beneficente ou grêmio estudantil, por ação do PT e do PC do B, que o comandam – que a ANDES assinou acordo com o Governo Federal, que produz arrocho salarial ímpar, a lembrar os tempos da ditadura, altamente lesivo aos interesses maiores da Docência Superior, e em última análise, à própria Nação e à Cidadania. Foi difícil imaginar sequer a ocorrência de semelhante ação. Não é difícil perceber que os senhores não tinham o direito de fazer tal acordo, porque contrariava decisões soberanas em várias assembléias de professores de todo o Brasil, que clamavam por greve em várias delas.

Sou médico e professor de Medicina há 41 anos e testemunho diariamente descrições de quadros humanos de enorme sofrimento, por carência de médicos, de hospitais, de medicamentos, de transporte público, de habitações decentes, de ruas, sob violenta luta de classes, que assusta os que moram nos grandes centros urbanos do nosso país, notadamente os que sobrevivem nas suas periferias. Explicando esta situação dramática  estudantes meus, oriundos dos estratos mais ricos da nossa sociedade, muitos não creram que com todos esses anos, o meu salário líquido não atingisse a soma de 5.000,00 – muitos disseram, “faça greve, professor, isto é um absurdo!” E dói ver que a minha Associação Maior, criada em plena ditadura militar, não veja isto, se humilhe, se rebaixe, a crer que no próximo ano “eventuais distorções serão corrigidas”, esquecendo do nosso ditado nordestino: “quem muito se abaixa, a bunda aparece”, pois revela medo de classificação de “sindicato de radicais”, como se a luta por um mundo melhor e mais justo pudesse prescindir de radicalismo e de dignidade de posições.

Muitos dos senhores não viveram a ditadura militar. Eu a vivi nos seus 21 anos e dela fui vítima, carregando doença intestinal sem cura, nascida nos tempos do terror de Medici. Os senhores não viram o corpo dilacerado do Padre Henrique, como eu vi, os senhores não testemunharam o indescritível sofrimento de Mata Machado, os senhores não olharam os muros da casinha de Dom Helder Câmara metralhados pelo CCC pernambucano, os senhores não assistiram a corpos violentados em prontos socorros, de

companheiros nossos pela polícia política ditatorial. E até hoje semelhante ofensa à dignidade do ser humano foi resgatada por nossos dirigentes que se dizem “de esquerda”, mas ligados a lambe-botas de generais, como o José Sarney, ou nomeando para cargos públicos relevantes figuras que habitaram nos anos de chumbo o temível Comando de Caça ao Comunistas. Com gente traidora dessa laia não podem existir acordos, meus colegas, não podem!

Sabendo disto que os senhores fizeram, sem a minha anuência e a de muitos docentes do nosso país, tenho vontade de me desligar do meu “sindicato”, sobretudo quando dando aulas de MEDICINA sinto no meu nariz e na dos meus alunos, como eles falam, enorme fedentina que exala de banheiros de professores, imundos e mal conservados, junto aos auditórios ou a tentar retirar dinheiro do caixa da agência do BB do Hospital das Clínicas da UFPE, onde a mesma fedentina volta, em atentado à dignidade humana e à saúde pública, sem sabermos a quem procurar ou a quem denunciar. Tudo isto testemunhando a decadência da Escola de Medicina do Recife, que foi a segunda melhor do país em fins do governo Goulart, em plena administração de uma Senhora que foi torturada por ação dos mesmos que hoje estão ao seu lado.

Espero que esta minha Nota toque a sensibilidade dos senhores e faça com que reflitam e revejam o grosseiro erro que cometeram. Um mundo justo só se conquista com LUTA, não com é com medo e dubiedade, não é com retrocesso e “acordos”, e sim, com AVANÇO!

Atenciosamente,
Lurildo R. Saraiva
Professor Associado de Cardiologia
Universidade Federal de Pernambuco







Logo após assinatura do acordo começaram a circular nas listas da internet inúmeros protestos contra a postura da direção do Andes de ter assinado um acordo com o governo, sem se quer ter consultado a base da categoria. UNIDOS PRA LUTAR publica duas importantes contribuições para esse debate feitas pelo sindicato dos docentes do Amapá e por um docente da Universidade Rural de Pernambuco da qual coincidimos em boa parte de suas analises sobre o acordo.
Estamos com essa iniciativa abrindo nosso BLOG de forma democrática para quem quiser opinar sobre referido acordo, inclusive a direção do próprio Andes – Sindicato Nacional.