sábado, 14 de abril de 2012

COMBATER A TRIPARTITE DA CONSTRUÇÃO CIVIL: A direção majoritária da Csp-Conlutas (PSTU) novamente legitima armadilha do governo e dos patrões


O ano de 2012 é novamente marcado por greves. Nos canteiros de obra assistimos uma nova rebelião que paralisou milhares de operários. Jirau, Santo Antonio, Belo Monte, Comperj são os maiores exemplos. São greves por salário e condições de trabalho, marcadas pela indignação das bases contra os burocratas sindicais.

O governo Dilma, os Empresários e os dirigentes sindicais vendidos estão desesperados porque não conseguem conter as lutas. Demitiram em Jirau, mandaram a força nacional para Belo Monte, mas nada detém a força dos trabalhadores. Querem abafar a luta nos canteiros para garantir o cronograma das empreiteiras (doadoras de campanha) e utilizam as centrais pelegas para esse fim (CUT, CTB, Força, CGTB, UGT, etc).

Ano passado, após a primeira rebelião em Jirau e as greves em inúmeras obras do PAC e da Copa, eles convocaram uma comissão tripartite (centrais sindicais, empresas e governo), para passar a idéia de que medidas efetivas seriam tomadas. No entanto, o único resultado prático foi a demissão de mais de 4 mil operários de Jirau. Ficou claro o caráter anti-operário desse fórum, cujo respaldo foi dado pelas centrais participantes. Agora, passado um ano de suposta “negociação”, onde nada melhorou para os trabalhadores, e frente a uma nova onda de greves nas obras, eles apresentam um “compromisso nacional da indústria da construção” com todo um palavreado de “melhorias” sem nenhuma medida concreta. Há uma série de boas intenções genéricas no papel, para levar ao inferno efetivo do pacto social: governo, empresários e centrais estão interessadas mesmo é na “redução dos conflitos”. Daí a instalação de uma “mesa nacional permanente” do setor. Trata-se de repetir o filme que já assistimos nos dois mandatos de Lula, com a “mesa de enrolação permanente” dos servidores federais, setor que naquela época era a vanguarda de luta contra a política de ajuste do PT. Assim a tripartite se propõe a discutir tudo, para nada resolver sobre o aumento salarial e a pauta das greves.

O que é mais absurdo é que em nenhum momento se consultou os operários nos canteiros. Os novos lutadores que estão surgindo e estimulam as greves, nunca foram considerados nem consultados!. A democracia operária passa longe da tripartite e da “mesa permanente”. É o peão de base que pega spray de pimenta na cara, que enfrenta a polícia e coloca o emprego em risco quem deve falar sobre suas pautas. É a comissão de base que deve negociar e tudo deve ser decidido em assembléia. E a tripartite é o contrário disso, ela está fundamentada na concepção da reforma sindical e trabalhista, onde as centrais negociam em nome das categorias e da base.

Desgraçadamente os companheiros da direção majoritária da CSP-CONLUTAS (PSTU) decidiram voltar para a tripartite por resolução de sua secretaria executiva nacional e vão compor a “mesa nacional” da construção civil. Os companheiros tinham se retirado da tripartite um mês depois das demissões do ano passado, mas parece que não tiraram nenhuma conclusão daquele fato e do papel anti-operário que joga esse fórum. Trata-se de um erro que legitimará uma política que não resolverá a degradante situação das condições de trabalho, o arrocho salarial e a ausência de direitos sociais impostas pelas empreiteiras e pelo governo Dilma.

Os companheiros afirmam que vão representar as greves e as lutas dos canteiros, no entanto nenhum operário de Jirau, Belo Monte ou Comperj autorizou a CSP-CONLUTAS a negociar e participar nessa mesa traidora em nome dos trabalhadores em greve. O pior é que esse discurso confunde os trabalhadores, pois passa a idéia de que a tripartite é um espaço para ser “disputado”. Mas isso não é verdade, é um fórum de engravatados onde a burocracia se sente bem e onde os grevistas são tratados como um problema a ser eliminado. Não há lugar para os grevistas na tripartite, ele é o espaço da preparação da derrota das greves e da cooptação de lideranças. Aliás é bom que se diga que nenhum fórum tripartite serviu aos trabalhadores: as câmaras setoriais do setor automobilistico nunca resolveram os problemas do metalurgicos da GM, por exemplo. Por isso toda a esquerda sindical sempre foi contra essa política e nunca participou desses espaços.

O que a direção majoritária da CSP-CONLUTAS (PSTU) não diz é o que mudou na tripartite, durante o último ano, para justificar seu retorno para o mesmo espaço com o qual haviam rompido em 2011. Se naquele momento era errado permanecer na tripartite, muito pior é agora retornar pra lá.

A nova postura da CSP-CONLUTAS, participando desse espaço, é aplaudida pelo governo, ao ponto do Ministro Gilberto Carvalho, em discurso de lançamento do “compromisso nacional”, citar a importância do retorno da Conlutas para a tripartite. Esse debate ganha mais importância pelo fato de que alguns sindicatos da construção civil estão filiados a CSP-CONLUTAS, o que lhes daria motivo para começar a batalhar para construir um pequeno polo alternativo, disputando a direção das greves e combatendo a política de pacto social do governo, empresários e das centrais pelegas. No entando, a definição da Secretária Executiva Nacional da CSP-CONLUTAS impede essa batalha e a acaba sendo funcional a linha dos patrões, do governo e da burocracia sindical porque dá um verniz “plural” a esse fórum. Trata-se de um claro giro à direita da direção majoritária da CONLUTAS (PSTU) em função, inclusive, de legalizar essa central e manter a mesma política aparatista que gerou a ruptura do CONCLAT. Não é a toa que a CONLUTAS não lançou nenhuma nota ou campanha contra a corrupção de Lupi no Ministério do Trabalho. Por isso vendem a ilusão da negociação com o governo e os patrões, feita de costas para os trabalhadores, ao invés de apoiar a negociação dos próprios grevistas.

Mesmo após a assinatura do acordo e da instalação da mesa nacional, as greves seguem ocorrendo. A tarefa imediata é apoiar essas greves, esclarecer a todos os ativistas a importância da organização e de um programa. Deve se privilegiar ouvir e/ou conformar comissões de base de cada greve, em cada canteiro, ao invés de confiar numa formalidade assinada entre os que atacam e os que traem os trabalhadores. A bronca contra os pelegos e o arrocho salarial deve ser canalizada para desmascarar a política de Dilma e do PT.

A onda de greves nos canteiros já demonstrou que é possível obter conquistas priorizando a mobilização, sem confiar nas centrais e sindicatos pelegos. Ou nos casos onde não se avançou economicamente, o conflito serve para forjar, lentamente, uma nova leva de lutadores. A Unidos Pra Lutar estará junto aos piquetes dos trabalhadores, se colocando como um ponto de apoio e de solidariedade aos novos ativistas para que as greves sejam vitoriosas e para ajudar a construir, pela base, uma nova direção para o movimento operário brasileiro.

Compromisso nacional da indústria da construção, dos sindicatos amigos do patrão e do governo é enrrolação! Nenhuma confiança nas centrais que traem os trabalhadores! Abaixo a tripartite! Que a base decida! Que os grevistas negociem!

COORDENAÇÃO NACIONAL DE UNIDOS PRA LUTAR

São José dos Campos - São Paulo - 13/04/2012

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